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sábado, 2 de outubro de 2010

NAQUELA PRAIA...

                    Há séculos na Grécia antiga, quando as pessoas acreditavam nos deuses, numa praia distante moravam as Ninfas do mar. As ninfas eram seres mágicos que viviam no reino de Netuno.
                   Nesta praia morava uma ninfa em especial, essa ninfa vivia insatisfeita, pois sonhava com o mundo além daquela praia. Por ter nascido ali, a ninfa pensava que viajando poderia sair da sua rotina, de sua praia, claro; ela tinha suas razões. Passara anos naquele lugar vendo e conversando com as mesmas pessoas. Não que isto fosse ruim, mas isso transformava a nossa ninfa em uma a mais. E isto para ela era terrível!
                 Certa época, todos os seres que moravam naquele lugar foram avisados que Pan, o deus dos bosques, passaria uma noite naquela praia. Todas as ninfas ficaram excitadas com os preparativos para a festa, menos uma.
                A ninfa sonhadora viu em Pan a sua saída daquela praia, a quebra da sua rotina. Sonhou... Sonhou e pensou num plano. Achou que passando uma noite com Pan, o deus poderia apaixonar-se por ela e levá-la consigo.
                Pensou num mundo fora daquela praia, outras pessoas e paisagens, apenas por um breve momento a Ninfa pensou que poderia ser castigada, mas nenhum castigo seria tão cruel  quanto passar eternamente vivendo a sua rotina naquela praia. E a noite tão sonhada chegou, Pan foi festejado e homenageado e a Ninfa descobriu que talvez outras Ninfas pensassem igual a ela, pois tamanhas eram as atenções que todas dispensavam ao deus.
                Pan estava adorando, mas a Ninfa não. Como poderia aproximar-se de Pan sem ser igual a todas? Decidiu esperar...
                E na madrugada enluarada, todos foram se deitar e a Ninfa viu ali sua chance de sair da rotina. Transformou-se numa bela mulher, seduziu e enloqueceu Pan, que tonto pelo vinho, achou que fosse um sonho.
               Assim que amanheceu, Pan e seus seguidores começaram a se preparar para a longa viagem que teriam pela frente. E a Ninfa ansiosa apresentou-se a Pan na esperança de ser reconhecida. O deus lembrou vagamente o que havia acontecido, achou-a parecida com a mulher de seus sonhos, mas bêbado, não saberia reconhecê-la e decidiu se calar.
              A Ninfa era só amargura, mas antes que pudesse sofrer, Netuno, o deus dos mares, apareceu; ele havia visto tudo, julgou e condenou a Ninfa sem que ela tivesse a chance de explicar, porque queria sair de sua rotina e daquela praia.
              Seu castigo foi sob a forma de uma concha. A Ninfa sorriu e em meio ao seu sorriso caíam lágrimas dolorosas. Sorriu por te tido coragem de tentar quebrar a sua rotina e chorou por ter sido condenada a viver eternamente naquela praia.


MEU TEXTO PUBLICADO PELA LITERIS EDITORA NO LIVRO "COM A PALAVRA O BRASIL"

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Renata, gostaria de te parabenizar pelo belíssimo texto, acompanho seu trabalho desde o início e achei ótima essa iniciativa do blog. Assim, podemos ficar atualizado com a sua inspiração.
Estou lhe enviando meu e mail e meu telefone, quando puder me ligue para marcarmos um encontro.
Beijos.